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Selamat Datang: Bem-vindos a Bornéu

  • Foto do escritor: Carolina Germana
    Carolina Germana
  • 21 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura


Selamat Datang, que é como quem diz, bem-vindo. A Bornéu.


Quando fui desafiada pela minha irmã a visitar Bornéu, nunca tinha ouvido falar de tal sítio. Talvez por minha única e exclusiva ignorância, mas a verdade é que pouco se ouve falar de Bornéu. E não é um sítio qualquer. É só uma das 3 maiores ilhas do mundo, a maior ilha da Ásia e é uma das mais ricas fontes de biodiversidade do mundo, fauna e flora. Por lá passam os mais experientes biólogos, investigadores, cientistas, jornalistas e fotógrafos da vida selvagem. Muitas vezes devo ter mergulhado em Bornéu nas minhas manhãs de domingo a ver Odisseia e National Geographic com o meu pai. E por essa mesma razão, a minha irmã achou que este seria um destino interessante para fazermos uma viagem os três. Eu, ela e o pai – amante nato da natureza e de certa forma o responsável pela nossa tamanha admiração e respeito pela mesma.


Bornéu é governado por 3 países. Malásia, Indonésia e Brunei (numa pequeníssima porção que se mantém a bater o pé para não ser dominado pelos países vizinhos). Foi colonizada por vários povos: Ingleses, Dinamarqueses, Japoneses e Chineses; e a sua influência faz-se sentir um pouco por cada canto.


Este foi provavelmente dos sítios mais ricos que eu já visitei e onde me senti mais em contacto com a natureza no seu estado mais primitivo e onde os meus olhos mais brilharam a absorver cada experiência ali vivida.


Estávamos em outubro de 2018, a minha irmã M. a viver em Kuala Lumpur (KL), na Malásia, depois de 7 meses a viajar por alguns países asiáticos e a trabalhar como freelancer na sua área de diferenciação. Fomos ter com ela ao aeroporto de KL, onde nos reunimos e seguimos já como trio para a cidade de Sandakan, no estado de Sabah, na parte malásia de Bornéu.


Depois de 24 horas em viagem, chegámos finalmente ao destino. Estávamos cheios de fome e só queríamos desfrutar duma boa refeição para depois irmos dormir. Não tivemos muita paciência de procurar, por isso sentámo-nos na primeira esplanada à frente do hotel, num restaurante local, vimos o menu escrito em linguagem desconhecida com imagens descritivas do prato a servir e pedimos o que nos pareceu melhor.

Primeiro chegaram os sumos de fruta, servidos em garrafas de vidro de tampas coloridas e com palhinhas de cartão. Muito “eco”. Expetativas em alta.


Depois o prato – aquele que na imagem parecia uma maravilha, era picante, gorduroso e de saboroso tinha muito pouco. Ansiosos por ficar saciados e devorar uma bela refeição, foi a desilusão total. Nem conseguimos acabar. Com o cansaço, não explorámos mais e não parámos de reclamar para o ar até nos deitarmos e aterrarmos até o dia seguinte.







Acordámos calmamente. Abrimos o cortinado do quarto e a vista à luz do dia fazia parar a respiração. Apenas uma vidraça nos separava do céu. No 16º andar, era tudo o que víamos de frente. Céu e horizonte. Sem varanda e com apenas aquele janelão, olhávamos para baixo e a sensação era de vertigem. Ninguém se atrevia a encostar. Apenas observar de longe.


Pequeno-almoço de hotel, muito bem servido e finalmente uma refeição que nos desse algum aconchego ao estômago. Tínhamos de tudo. Espaço asiático e europeu. Sim, porque eles comem autênticas refeições de almoço e jantar ao acordar. Carnes picantes variadas, verduras, arroz e doces de sobremesa. E nós com o nosso prato de torrada com doce, um iogurte com fruta e um sumo de laranja natural. No máximo dos máximos, uma panqueca com mel.

Com vontade de explorar a pequena cidade de Sandakan, saímos para visitar o mercado local, com o seu peixe seco exposto, frutas, verduras, sementes e cereais.











Na zona da peixaria, destacavam-se as raias frescas em fila no balcão. Mulheres e homens nas bancadas. Cheiros variados. E muito poucos turistas a circular. Quase só gente local.





















Seguimos depois o “Sandakan Heritage Trail”. Este trilho começava no centro da cidade, levando-nos a visitar alguns monumentos e zonas chave para ficarmos a conhecer a sua história. Setas no chão levavam-nos a completar todo o percurso. Foram 4 horas no total a andar, com paragens pelo meio e assim se passou quase um dia inteiro.











Visitámos o Museu de Sandakan, subimos uma escadaria antiga de 100 escadas até ao topo da montanha, fomos ao cemitério chinês, com as suas lápides envoltas em arcos coloridos embutidas ao longo da encosta da montanha, rodeadas de relvado verde vivo, que com o tempo as envolviam.



Parámos para um chá (frio) e scones na casa de chá inglesa, num belo jardim com vista mar. Parecia que estávamos em Londres, só que não.










De seguida, visitámos a casa de Agnes Keith, uma escritora americana casada com um inglês que foi trabalhar para o governo de Bornéu como conservador da floresta e diretor da agricultura nos anos 30. Agnes e o marido viveram em Bornéu antes, durante e depois da II Guerra Mundial. O primeiro livro da autora, “Land Below The Wind”, conta a história de como era a vida naquele paraíso na floresta, vivido com o seu marido e filho George. Depois, com a chegada da II Guerra Mundial, Agnes Keith e a família foram feitos prisioneiros em campos de concentração japoneses e levados da sua casa em 1942. Só em 1945 é que foram os 3 libertos e Agnes escreve e publica o seu 2º livro em 1947 “Three Came Home”, transformado em filme em 1950. Muito conceituada e conhecida em toda a ilha, a sua casa é agora um checkpoint turístico para quem quer saber mais sobre a história da cidade.




O trilho estava muito bem definido na subida, mas pouco na descida. Sabíamos que tínhamos de ir do topo da montanha ao centro da cidade e o destino era só um: chegar ao mar. Lá descemos estrada fora em silêncio, por entre túneis de grandes árvores, a ouvir o som permanente e agudo das aves e insetos da floresta, a observar as gentes nas suas casas a estender e a lavar roupa nos riachos. As crianças de olhar atento e curioso, a acenar de sorriso no rosto.










Chegados ao centro, o cenário já era outro, com a floresta deixada para trás. Os prédios altos em cimento puro, descuidados e antigos, de varandas cheias de tralha, roupa e antenas parabólicas, decoravam as ruas. Fomos diretos para o hotel, já cansados do nosso passeio e optámos por ficar a aproveitar o sol e a piscina infinita com vista mar para a baía da cidade, com barcos de carga e de pesca ao fundo até ao pôr do sol.












O hotel, Four Points by Sheraton Sandakan, um dos poucos bons da zona, com um ótimo pequeno-almoço e uma piscina infinita, cobrava apenas 20€ por pessoa por noite - preço a que se consegue uma cama num quarto partilhado com 10 pessoas, num hostel mediano em qualquer país europeu. Foram apenas duas noites e um dia para explorar a cidade de Sandakan, que achei suficiente. No dia seguinte, partíamos cedo para uma nova aventura.


 

Crónicas de Viagem 21.05.2020Bornéu, outubro '18, dia 1

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