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Feliz dia, mães!

  • Foto do escritor: Carolina Germana
    Carolina Germana
  • 1 de mai. de 2022
  • 4 min de leitura

Baloiço no parque infantil do condomínio onde vivi anos na cidade do Porto, por entre grandes árvores já cheias de folhas verde alface. Viemos visitar Viana este fim-de-semana, depois de mais de um ano sem lá ir e depois de três anos a lá viver. E a sensação que ficou foi de que tudo fez sentido na altura certa e que o universo e o destino nos têm levado a viver momentos tão bons e sítios bonitos que levamos na memória e a conhecer pessoas que levamos como amigos para a vida. Estive os últimos meses com dificuldade em gerir todas as alterações e emoções que surgiram em mim. E sinto-me agora finalmente em paz comigo e com o que o futuro me reservará. Dizem que a gravidez é um estado de graça. Só posso falar dum trimestre que já lá foi, mas que de engraçado teve pouco. Por todas as dúvidas e medos, alterações hormonais e corporais, restrições e mudanças ao estilo de vida, oscilações de humor e por vezes de tristeza que vinha sem explicação e que fazia levantar incertezas sobre este sonho que eu sempre quis ver realizado. O conhecimento não me trouxe tranquilidade. E sei ainda que há tanto que pode correr menos bem no percurso. Mas já se passaram quase 4 meses completos a fazer crescer um ser humano dentro de mim. E finalmente começo a questionar: quão miraculoso e espantoso é tudo isto? A criação de vida e o desenvolver da pessoa humana foram sempre algo fascinante para mim. Que me fizeram brilhar olhos desde a primeira aula de ciências sobre gâmetas sexuais e fecundação, até mais tarde nas aulas de embriologia da faculdade de medicina, no estudo de todo o processo que leva à formação de cada sistema de órgãos e ao desenvolvimento de cada sentido. Eis que chegou a minha hora. A nossa hora. E já me sinto, enfim, mãe. Por já ter mudado a minha vida e escolhas em função de algo que, embora não veja diretamente, sinto a transformar-me a cada dia que passa. Ele/a que já rodopia, pula e mexe pernas e braços, no quentinho. Que já agarra o cordão e mete o dedo à boca. Que me põe cansada, me pede comida e água. Ele/a que já ouve a nossa voz. Celebramos vida com o nascimento, a cada aniversário e em cada marco importante como a passagem de ciclos escolares, término da faculdade, início de um novo emprego, casamentos e batizados. E, embora a cada segundo da nossa vida, possa algo "correr mal", não deixamos de a celebrar, de sentir felicidade, de imaginar um futuro, de sonhar, de partilhar. Hoje decidimos partilhar. Porque hoje é dia da mãe. E não será esta a mais importante de todas as celebrações da vida? A sua criação? A junção de cromossomas que se desenvolve em milhões de células e que em poucas semanas já fazem um coração bater? O corpo da mulher que se transforma para ser casa, para ser abrigo de algo pequenino que já é parte de nós? É absolutamente extraordinário. E porque não celebrar por receio do que virá, quando o futuro não nos pertence? Porque não deixar a felicidade chegar, com medo que um eventual abismo nos faça desmoronar? Porque não sentir cada momento e aproveitar o caminho, conquistando o sonho à semana, ao dia, ao segundo? A minha pequena barriguinha já não se esconde e começa a fazer-se notar. Porque ele/a está a crescer aqui mesmo. Dentro de mim. Bate-lhe o coração bem mais acelerado que o meu. E o meu acolhe. Abraça. Conforta. Segura. Carrega. Deixei entrar a felicidade que é ter este sonho conquistado hoje. O sonho de ser mãe. Feliz dia da mãe a todas as mulheres que me inspiram no cuidado dos seus filhos. A todas as mães das crianças que já observei na minha prática médica, pelo exemplo de força inderrubável, coragem e superação perante tantos desafios na gestão da doença dos seus filhos. Da mais simples à mais complexa. Feliz dia da mãe a todas as mães que carregaram vida e que a perderam antes de ter a oportunidade de a ter nos braços. A todas as mães que viram partir os seus bebés, as suas crianças, os seus filhos. Que a vida vos permita, apesar da perda de um pedaço de vós, libertar um pouco essa dor inigualável e vos permita continuar a viver e a sonhar.


Feliz dia da mãe às que o desejam ser e procuram formas de o conseguir.


Feliz dia da mãe às que são mães de coração. Feliz dia da mãe a todos os que perderam a sua mãe e que a têm a olhar por vós de um lugar privilegiado nos céus. Hoje em especial à minha avó L. que estará algures à sua janela, à minha avó R. e às minhas amigas mães, que me inspiram todos os dias. Feliz dia da mãe à minha mãe. Que eu saiba ter a sua força e determinação, a sua entrega e dedicação. Que saiba dar colo, amor e segurança ao mesmo tempo que deixo voar, crescer e conquistar. Que saiba orientar e guiar. O sonho seguinte é conseguir ser a mãe que ela foi. Que ela é. Que ela me faz querer ser. Feliz dias, mães!



CroniCalinas 01.05.2022




 
 
 

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